Decisão faz parte de uma atualização da política da plataforma que prevê
exclusão de vídeos que recomendem medicamentos sem eficácia comprovada para
tratar Covid-19.
O YouTube removeu na quarta-feira (26) ao menos
11 vídeos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), 10 deles com
menções à cloroquina. O levantamento é da empresa de análise de dados Novelo
Data e foi checado pelo G1.
A decisão faz parte de uma atualização da política da empresa feita em abril
que prevê a remoção de vídeos que recomendem cloroquina ou ivermectina para
tratar Covid-19, medicamentos que não possuem eficácia
comprovada contra a doença.
Outros três vídeos foram removidos: um do deputado Eduardo
Bolsonaro (PSL), outro do Daniel Silveira (PSL) e outro do ex-Senador do
Espírito Santo Magno Malta.
Dentre os vídeos removidos de Jair Bolsonaro, estão duas lives feitas em
março e abril do ano passado. Não há menção sobre a cloroquina nos títulos
dessas publicações, mas o medicamento aparece na descrição do conteúdo.
Outros vídeos derrubados incluem títulos como "A Hidroxicloroquina
cada vez mais demonstra sua eficácia em portadores do COVID-19" e
"Fox News mostra estudos sobre a eficácia da Hidroxicloroquina no combate
ao Coronavírus".
Somente o vídeo "O Brasil não pode
parar" não faz menções diretas ao medicamento em seu título ou descrição.
Ao acessar esses links, é exibida a mensagem: "Este vídeo foi removido por violar as diretrizes da
comunidade do YouTube".
Em abril, 5 publicações de Jair Bolsonaro que continham o
tema foram derrubadas. Todas elas eram oriundas das lives que ele faz às
quintas-feiras.
O que diz a política do YouTube
A plataforma informou em abril que serão retirados vídeos que tenham:
Conteúdo que recomenda o uso de ivermectina ou hidroxicloroquina para o tratamento da Covid-19;
Conteúdo que recomenda o uso de ivermectina ou hidroxicloroquina para
prevenção da Covid-19;
Afirmações de que ivermectina ou hidroxicloroquina são tratamentos
eficazes contra a Covid-19;
Alegações de que há um método de prevenção garantido contra a Covid-19;
Afirmações de que determinados remédio
ou vacinas são uma cura garantida para a Covid-19.
Além disso, em suas diretrizes, o YouTube diz que "também não é permitido o envio de conteúdo que dissemine informações médicas incorretas que contrariem as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS)".
De acordo com a empresa, a conduta mencionada vale para: Tratamento; prevenção; diagnóstico; transmissão; diretrizes sobre distanciamento social e autoisolamento; e a existência da Covid-19.
Posição da OMS
No início de março, a OMS publicou uma diretriz na qual pede fortemente que a hidroxicloroquina não seja usada como tratamento preventivo da Covid-19.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o fabricante da ivermectina já alertaram que o medicamento não é eficaz contra o coronavírus.
Recentemente, entidades médicas disseram que o uso de medicamentos sem comprovação científica deve ser banido.
Em abril, o Facebook e o Instagram anunciaram que iriam exibir
um selo em conteúdo que abordassem tratamentos sem comprovação científica.
Canal de Bolsonaro
continua no ar
Pelas regras do YouTube, na primeira vez que um canal viola as políticas de uso, o criador recebe apenas um alerta, "informando que ele precisa conhecer melhor as regras". Se desrespeitar as regras uma segunda vez, vem o primeiro Aviso (também chamado de "strike", em inglês).
"Se você receber três avisos em 90 dias, seu canal será removido permanentemente do YouTube. Vale lembrar que cada aviso leva 90 dias, a partir da data de emissão, para expirar", diz a plataforma.
Em abril, a empresa informou ao G1 que, no caso de violação que envolva uma regra que
foi atualizada recentemente, existe um "período de carência" de 1
mês, a partir da implementação da política. Esse período venceu no dia 16
de maio.
O G1 perguntou ao YouTube se a remoção de diversos vídeos de uma só vez, como aconteceu na última quarta (26) resulta em um "aviso" ou se eles se acumulam. A plataforma não retornou até a última atualização dessa reportagem.
Cloroquina é alvo na
CPI
No Brasil, a cloroquina e a ivermectina chegaram a ser recomendadas como alguns dos integrantes do "Kit Covid", voltado ao suposto "tratamento precoce" da doença.
O incentivo ao uso da cloroquina é tema
de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada pelo Senado Federal em abril deste ano.
Créditos: globo.com
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