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quinta-feira, 9 de setembro de 2021

PSDB aprova oposição a Bolsonaro, mas adia decisão sobre impeachment


SÃO PAULO  — A executiva nacional do PSDB decidiu nesta quarta-feira que a sigla fará oposição ao governo de Jair Bolsonaro e adiou a discussão interna sobre o impeachment. A reunião foi convocada pelo presidente do partido Bruno Araújo ainda durante os atos do 7 de setembro, quando o presidente pregou desobediência ao Supremo Tribunal Federal (STF) e fez insinuações golpistas.

“O PSDB repudia as atitudes antidemocráticas e irresponsáveis adotadas pelo presidente da República em manifestações pelo Dia da Independência. Ao mesmo tempo, conclama as forças de centro para que se unam numa postura de oposição a este projeto autoritário de poder; e para evitar a volta do modelo político econômico petista também responsável pela profunda crise que enfrentamos", diz a nota do partido, que repudiou as atitudes antidemocráticas de Bolsonaro na última terça-feira.

O presidente do PSDB classificou as declarações de Bolsonaro como um "vergonhoso momento da história brasileira". No entanto, durante o encontro do partido enfrentou resistência de deputados alinhados ao governo Bolsonaro e cujos redutos eleitorais em seus estados são conservadores. Na tentantiva de evitar desgastes, os tucanos preferiram amadurecer o debate sobre o afastamento do presidente e ouvir a posição da bancada de 32 deputados na Câmara, que eventualmente votariam num processo de afastamento.

Em votação recente sobre a PEC do voto impresso, a maioria dos parlamentares votou contra a orientação do partido e favoráveis a proposta que é uma obsessão do presidente. Internamente, líderes ponderam que é a aprovação de um processo de impeachment precisa de ingredientes como apoio popular e do congresso e principalmente da ação do presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira, que precisa colocar em pauta.

Com a participação da Executiva e das bancadas na Câmara e Senado, registramos que após o pronunciamento inaceitável do chefe do Poder Executivo, na data de ontem, iniciamos hoje o processo interno de discussão sobre a prática de crimes de responsabilidade cometidos pelo Presidente da República", complementa a nota.

OGLOBO apurou que no encontro alguns parlamentares chegaram a dizer que as bases dos deputados nos estados são bolsonaristas, o que dificultava um posicionamento pelo impeachment. Segundo aliados, o presidente Bruno Araujo então respondeu que aqueles que apoiam Bolsonaro no primeiro turno das eleições de 2022 não devem ficar no partido.

Ainda na reunião, alguns parlamentares como Pedro Cunha Lima e o senador Plínio Valério (AM) se manifestaram abertamente contra o afastamento do presidente. Plínio chegou a criticar o STF em apoio ao presidente.

Nas últimas semanas, o alinhamento de setores do PSDB ao bolsonarismo tem constrangido tucanos históricos. Numa amostra do tamanho da adesão ao governo, O GLOBO constatou que nove dos 32 deputados federais mantêm nas redes sociais fotos com o presidente da República. Alguns deputados publicam fotos inclusive com os filhos de Bolsonaro, além de compartilhar postagens favoráveis ao governo.

Nos bastidores, a discussão sobre o papel do PSDB como oposição ao governo Bolsonaro é mais um dos fatores que opõe os grupos políticos do governador João Doria e do deputado Aécio Neves, que travam uma guerra interna no partido. Após as manifestações, porém, mais setores do partido passaram a defender uma posição mais incisiva do partido contra o governo. Um dos que adotava postura mais moderada e passou a dizer que é um erro manter Bolsonaro no poder foi o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.

A reunião não contou com a presença do senador Aécio Neves, que faz parte da ala do partido resistente ao impeachment. O único presente foi o deputado Paulo Abi-Ackel, presidente do diretório de Minas Gerais, e aliado de Aécio.

— O quadro é grave, mas é preciso prudência. O impeachment surge a partir do momento da sociedade, não a partir de uma sala de reuniões de um partido político — afirma Abi-Ackel.

Em nota, Aécio disse que considerou correta a decisão tomada hoje pela Executiva Nacional do PSDB.

Ao GLOBO, o presidente do PSDB em São Paulo, Marco Vinholi, comemorou a decisão.

— A discussão sobre o impeachment  foi aberta e será feita no âmbito da Câmara e do Senado. É um passo importante e uma reposta ao cenário que vimos ontem de afronta às instituições democráticas - disse Vinholi, que é aliado de primeira hora de Doria.

O Globo


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