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domingo, 24 de outubro de 2021

O Brasil que passa fome: crise da carne ilustra o país que empobreceu

Na pandemia, uma expressiva parcela da população passou a comprar carne vermelha sem procedência e recheada de riscos.


Escrita em 2002 por Seu Jorge e Marcelo Yuka, A Carne faz poderosa crítica ao racismo no país. Imortalizada na voz de Elza Soares, a canção fala de desrespeito e violência no cotidiano de pretos e pobres – extrato social que predominantemente consome a “carne mais barata do mercado”.

No prato do brasileiro, a carne mais barata do mercado pode ser podre, contaminada, e causar pelo menos 21 tipos de doenças, algumas que levam à morte.
Entre 2017 e 2021, o Ministério da Saúde notificou 74 surtos de doenças em que a carne foi apontada como causadora, o que resultou em 1.944 doentes pela ingestão do alimento contaminado.
Em tempos de pandemia, desemprego em alta e perda de poder de compra, uma expressiva parcela da população passou a comprar carne vermelha sem procedência – livre de impostos e fiscalização – e recheada de riscos.

Estima-se que 15% dos quase 30 milhões de abates de gado no Brasil em 2020 tenham ocorrido em estabelecimentos clandestinos. Para especialistas ouvidos pelo Metrópoles, a alta de 48% no preço da carne vermelha empurrou famílias mais carentes ao consumo de produtos não submetidos a inspeções sanitárias e, portanto, muito mais baratos.
Não é preciso percorrer grandes distâncias para achar em mercados, feiras livres e açougues peças de boi provenientes de matadouros ilegais. Levantamento da reportagem feito a partir de contatos com órgãos de inspeção sanitária e polícias de vários estados revela que pelo menos 45 abatedouros foram fechados no ano passado.

São recintos em que bois são mortos a golpes de marreta, cortados no chão e manipulados por homens sem luvas, toucas de proteção ou qualquer tipo de equipamento que blinde a carne de contaminação.









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