Uma professora da rede municipal de ensino de Natal teve a entrada barrada na Secretaria Municipal de Educação com o argumento de que estava vestida com "uma roupa inadequada". A proibição partiu do chefe de patrimônio da SME e de um segurança. A professora classificou a situação como um caso "típico de machismo".
"Em
pleno século 21 é inadmissível que uma mulher seja julgada pela roupa que está
usando. Principalmente porque o meu vestido não é inadequado. Fica claro que é
mais um caso de machismo", disse a professora Tânia Maruska Petersen.
O caso aconteceu na última quinta-feira (11) e foi
denunciado pela educadora. Ela trabalha na Escola Municipal Zuleide Fernandes,
onde é conselheira escolar. Ao g1, Tânia contou que esteve no local para
resolver questões relativas ao trabalho e assinar documentos.
"Quando eu cheguei a segurança disse que achava que eu não poderia
entrar por causa da minha roupa e que iria acionar o chefe. Ele já chegou
dizendo que a roupa era inadequada. Eu perguntei quais eram os critérios, já
que eu estava com um vestido normal, que eu já usei em outros dias de trabalho
e já entrei em outros prédios públicos. Ele respondeu que existia uma portaria
que explicava quais roupas não eram adequadas, que eu era uma educadora e que
aquela não era roupa de uma educadora", relatou.
Ela disse que se sentiu intimidada, constrangida e
humilhada.
"Meu
vestido não era curto pra ser taxado de inadequado. Fiquei muito triste,
envergonhada, foi uma situação vexatória. Eu sou uma excelente profissional. Eu
estudo, invisto no meu trabalho, chego cedo, cumpro minhas atividades, e vou
ser julgada pela roupa que eu uso?", questionou.
O
que dizem sindicato e governo
Em nota, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação
Pública (Sinte/RN) classificou o caso como "absurdo, inaceitável e
lamentável. O Sindicato se solidariza com a professora e se compromete a lutar
contra o machismo onde quer que ele esteja".
A
SME também se manifestou e informou que está apurando os fatos para tomar as
devidas providências (leia a nota completa mais abaixo).
"A SME-Natal lamenta o episódio e esclarece, que
na ocasião a professora foi atendida na sequência em sua demanda pela diretora
do Departamento de Administração Geral. A SME reafirma o respeito às
professoras e professores, como também a qualquer cidadã ou cidadão que procura
atendimento".
Machismo
Para
a professora Tânia, o constrangimento que ela passou é "retrato de uma
sociedade patriarcal, machista e misógina".
la ressaltou ainda que decidiu denunciar o caso para
dar voz a outras mulheres.
"A
gente denuncia, mas fica com receio de que venha alguma represália. Mas eu não
poderia me calar, preciso dar voz a outras mulheres porque o feminismo ainda é
tratado como 'mimimi', como tolice, por muita gente. Tratam como uma pauta
supérflua e não é".
Ela ressaltou ainda que decidiu denunciar o caso para
dar voz a outras mulheres.
"A
gente denuncia, mas fica com receio de que venha alguma represália. Mas eu não
poderia me calar, preciso dar voz a outras mulheres porque o feminismo ainda é
tratado como 'mimimi', como tolice, por muita gente. Tratam como uma pauta
supérflua e não é".
"A violência é imposta todos os dias às mulheres,
seja física, seja psicológica, quando temos nossos corpos sexualizados,
objetificados. Eu não quero que outras mulheres passem por isso".
Nota
da SME na íntegra:
Sobre
o episódio denunciado pela professora Tânia Maruska Petersen, a Secretaria
Municipal de Educação de Natal está apurando os fatos para tomar as devidas
providências. A SME-Natal lamenta o episódio e esclarece, que na ocasião a
professora foi atendida na sequência em sua demanda pela diretora do
Departamento de Administração Geral.
Na oportunidade, a SME-Natal reafirma o respeito às professoras e professores, como também, a qualquer cidadã ou cidadão que procura atendimento na sede da SME-Natal, no Centro Municipal de Referência em Educação Aluízio Alves (Cemure), ao anexo no qual funciona o Departamento de Atenção ao Educando (DAE) e nas 146 unidades de ensino distribuídas pelas quatro regiões administrativas da cidade.
Com informações do G1
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