Enxadristas ensinam que jogadas táticas possuem o objetivo de ganhar o jogo com estratégia, atacando em mais de um ponto, podendo o jogador sacrificar alguma peça no processo, obrigando o adversário a perder um das suas que seja essencial e deixando o rei mais desprotegido.
Eu não sei se Alexandre de Moraes joga xadrez. Tampouco estou fazendo nenhum paralelismo com o filme estrelado pelo Antony Hopkins em 2015, mas o que ele protagonizou na noite da terça-feira (16) em Brasília foi, sem sombra de dúvida, o que se pode chamar de jogada de mestre. Um xeque. A esperar o que ainda pode vir de uma partida em vantagem consolidada.
Além dos ataques cotidianos que estimulam a violência contra as instituições, com foco em alguns dos ministros do Supremo Tribunal Federal, há um acúmulo de ações concretas contra Moraes que nem de longe podem ser subestimadas.
Posses no Poder Judiciário, em regra, são enfadonhas. Como servidora eu evitava ao máximo ter que participar de alguma. Longos e protocolares discursos, sem qualquer novidade, elogios a quem sai e a quem chega. Mas não essa. Essa foi um evento político com P maiúsculo.
Para anular qualquer acusação de parcialidade (e por respeito à institucionalidade), Moraes convidou pessoalmente o Presidente da República. Ao mesmo tempo, mandou às favas qualquer contenção de constrangimentos, convidando também os ex-presidentes – o que colocou frente a frente adversários políticos.
Além de autoridades dos Poderes Judiciário e Legislativo, o evento contou com a presença de 22 governadores dos Estados brasileiros, diversos prefeitos, incluindo os das capitais dos três maiores colégios eleitorais: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A reunião dava a ideia de uma grande festa democrática, de respeitos mútuos às divergências e diferenças.
Era o ambiente perfeito do estrategista.
Com Bolsonaro ao seu lado, Moraes demonstrou gentilezas e trocou afagos. No entanto, somente ele discursaria. Ao outro, caberia ouvir calado.
O discurso de posse foi o coroamento de sua aula de como emparedar um inimigo público. Os elogios à Justiça Eleitoral falaram da coragem de defender a democracia dos que são contrários aos ideais constitucionais e valores republicanos vinculada à implementação e aperfeiçoamento das urnas eletrônicas.
Carta Capital
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