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sexta-feira, 14 de outubro de 2022

Aprendeu que não pode se expressar’, diz mãe de aluno que levou bandeira do PT a escola em Curitiba

 


Colegas de M., de 16 anos, urinaram sobre o objeto. Dos oito envolvidos, conta a madrasta do rapaz, apenas dois telefonaram para pedir desculpas.

Nesta semana, o vídeo que mostra um adolescente urinando em uma bandeira do PT com o rosto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à mostra viralizou nas redes sociais. Na gravação, é possível ouvir os gritos de “aqui é Bolsonaro”. O episódio aconteceu em Curitiba, no colégio Bom Jesus, um dos mais tradicionais da capital paranaense, frequentado pelos filhos da classe média alta.

A bandeira, porém, pertencia a um outro aluno. M., 16 anos, estudante do segundo ano do ensino médio, foi quem levou a bandeira para a escola na segunda-feira 3.

"Eu estava muito empolgado com a eleição e o resultado do primeiro turno”, contou a CartaCapital a madrasta dele, a educadora Heloísa Takazaki, autora e editora de livros didático. Ainda perplexo com a repercussão do caso, aprendeu a lição de que “não pode se expressar” perto de apoiadores do ex-capitão.

Dos oito envolvidos no imbróglio, apenas dois telefonaram para pedir desculpas.

O casal, recém-filiado ao PT, não fez nenhuma recomendação especial quando o filho pediu para levar a bandeira à escola, pedindo apenas que ele não a exibisse em sala de aula. Para Heloísa, por mais que o ambiente político seja de exaltação e ódio, não se pode deixar que o medo imobilize. “Confiamos em nosso adolescente. Ele conhece o ambiente onde está – afinal, no dia da eleição nós votamos vestidos de vermelho.”

Embora reconheça que a escola agiu de forma rápida e precisa, identificando e suspendendo os oito alunos infratores, a educadora acredita que a direção agiu apenas para preservar a própria imagem.

Em nota oficial, o colégio afirmou que se tratava de um “caso pontual e isolado”.


O ideal, insiste, seria transformar o “caso pontual” em uma oportunidade para colocar a violência política no centro do debate. Lembra que. ao acolher juventudes tão diversas, é preciso valorizar a participação política e social, respeitando as liberdades civis garantidas no Estado Democrático de Direito. “Precisamos, enfim, manter viva a esperança, não?”

Doutora em Educação pela USP e pós-doutora pela Unicamp, Catarina de Almeida Santos acredita que episódios como esse representam a intolerância ao diferente, o ódio ao divergente, mas, sobretudo, o ódio aos que não fazem parte do seu grupo social, racial e econômico.

Em  nota oficial, o colégio afirmou que se tratava de um “caso pontual e isolado”.

O ideal, insiste, seria transformar o “caso pontual” em uma oportunidade para colocar a violência política no centro do debate. Lembra que. ao acolher juventudes tão diversas, é preciso valorizar a participação política e social, respeitando as liberdades civis garantidas no Estado Democrático de Direito. “Precisamos, enfim, manter viva a esperança, não?”

Doutora em Educação pela USP e pós-doutora pela Unicamp, Catarina de Almeida Santos acredita que episódios como esse representam a intolerância ao diferente, o ódio ao divergente, mas, sobretudo, o ódio aos que não fazem parte do seu grupo social, racial e econômico.

"Por mais que não seja a realidade deste fato, no imaginário social e para a maioria desses alunos o PT representa os trabalhadores mais pobres, as pessoas negras e periféricas, aquelas que veem como os que deveriam ser seus serviçais”, analisa. Ou seja, representa a possibilidade de ameaça aos privilégios que esses estudantes e suas famílias possuem.

Carta Capital


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