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sábado, 1 de outubro de 2022

Bolsonaro recorre a Carluxo e muda estratégia na reta final da campanha



Presidente recorre ao filho e ao ‘gabinete do ódio’, e adota tom agressivo do presidente no debate da Globo. Radicalização coincide com distanciamento de caciques do PL, PP e Republicanos.


Em desvantagem nas pesquisas eleitorais, o presidente Jair Bolsonaro (PL) recorreu ao filho Carlos Bolsonaro (Republicanos), vereador no Rio, e assessores da chamada ala ideológica do governo para uma mudança de estratégia na reta final da sua campanha. O grupo que atua nas redes sociais do presidente e ficou conhecido como “gabinete do ódio” pela virulência contra opositores deixou suas digitais no debate da TV Globo, na quinta-feira, quando o candidato à reeleição adotou um tom agressivo ao atacar adversários, em especial o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O movimento coincide com o afastamento de caciques do Centrão que apoiam a reeleição de Bolsonaro, como o presidente do PL, Valdermar Costa Neto, e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP).
Foi sob orientação do time de Carlos que Bolsonaro iniciou o confronto televisivo em sua versão mais radical e chamando Lula para a briga. Na primeira oportunidade, tratou o petista de “ex-presidiário” e “mentiroso”. Ao longo do período eleitoral, integrantes da campanha apelaram a Bolsonaro para que tentasse mostrar uma versão mais moderada e “paizão” para conquistar eleitores de fora da sua bolha, além de mulheres. Logo após o debate, ainda na madrugada de ontem, o coordenador da campanha, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), escreveu de forma irônica sobre análises da participação do presidente: “O Carluxismo venceu”.

Até então Carlos e sua trupe vinham atuando de modo mais discreto nos bastidores e nas redes sociais do presidente, enquanto a estratégia da campanha ficou sob responsabilidade do núcleo político e de profissionais de marketing. Na quinta-feira, porém, Carlos entrou em ação para preparar o pai para o debate. A presença do vereador, de Filipe Martins, assessor internacional da Presidência, e de Tércio Arnaud Thomaz, que deixou o governo para concorrer como suplente de senador na Paraíba, foi uma surpresa de última hora até mesmo para integrantes do comitê bolsonarista. O nome do trio não constava nas primeiras listas de assessores que acompanhariam o presidente à emissora.

Centrão se descola
Ao mesmo tempo em que Carlos ganhava espaço na campanha, caciques do Centrão reduziram as aparições ao lado do chefe do Executivo nas últimas semanas. O exemplo mais emblemático é Valdemar, presidente do PL, que sumiu das agendas de Bolsonaro e não esteve no debate de anteontem, considerado estratégico na reta final da disputa. Os principais adversários de Bolsonaro, por sua vez, levaram os seus respectivos líderes partidários.

Valdemar, dizem aliados, mantém contato diário com Bolsonaro, por telefone ou pessoalmente, e não ensaia um distanciamento. Os dois conversam com frequência sobre questões políticas nos estados e Bolsonaro está sempre informado sobre os acontecimentos no partido. O presidente do PL, contudo, não endossou publicamente a batalha do chefe do Executivo contra as urnas eletrônicas e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Como mostrou a colunista do GLOBO Bela Megale, nos bastidores, Valdemar limita-se a dizer que Bolsonaro “deveria falar menos”.

Já Ciro Nogueira, que é coordenador da campanha de reeleição, se afastou dos afazeres do QG bolsonarista e embarcou para o Piauí, seu estado natal e reduto eleitoral, para investir na eleição de aliados. Ele chegou a anunciar que tiraria férias nesta semana, mas depois recuou.

Antes do início da campanha, o Republicanos deu sinais públicos de insatisfação com Bolsonaro por avaliar que a legenda estava sendo prejudicada nas novas filiações de aliados.

Procurados pelo GLOBO, Arthur Lira, Ciro Nogueira e o PL não retornaram.

O Globo 

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