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sábado, 1 de outubro de 2022

Na reta final, 1 em cada 4 tuítes dos presidenciáveis é ataque a adversários


Na reta final da campanha eleitoral de 2022, quase uma em cada quatro publicações no Twitter dos principais candidatos à Presidência da República concentra ataques aos demais nomes na disputa.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) usaram a rede social na última semana para reproduzir críticas aos opositores, bem como discursos proferidos em atos políticos.

Levantamento realizado pelo Metrópoles aponta que 61% dos tuítes dos presidenciáveis foram sobre agendas de campanha e defesa da candidatura. Em segundo lugar, ficaram as postagens com ataques a oponentes: esta categoria reuniu 24,3% das publicações.

Ciro Gomes foi o candidato que mais atacou os adversários. De todas as publicações realizadas pelo pedetista na reta final da campanha, 35% foram críticas aos demais candidatos. Jair Bolsonaro está em segundo lugar no ranking de ataques aos oponentes, com 33,3% de suas publicações voltadas para esta finalidade.

Simone Tebet aparece na sequência: 29,4% das publicações da emedebista no Twitter concentram ataques aos opositores. Em último lugar no ranking está o ex-presidente Lula, com apenas 9,1% de tuítes focados em críticas aos adversários.

Juntos, os quatro postulantes na dianteira das pesquisas fizeram 665 posts no Twitter na última semana. Para a análise, foram consideradas todas as publicações realizadas entre meia-noite de 23 de setembro e 10h dessa sexta-feira (30/9).

Os tuítes foram divididos em cinco classificações: ataques, atualidades, campanha/defesa de candidatura, pedidos de voto e outros (entenda mais abaixo). Veja o balanço geral:
A especiaista destaca que a rede social conquistou “uma dimensão muito grande” no pleito deste ano, principalmente após o cenário das eleições de 2018.

“Quando a gente fala dos candidatos, essa verificação do ambiente digital como espaço público vem desde a eleição de 2018. De lá para cá, os candidatos tiveram um aprendizado muito grande em relação às mídias digitais. Mesmo com a audiência dos debates televisionados, isso [as mídias sociais] tem impacto”, frisa.

Moderando o tom
Campeão entre os presidenciáveis que mais publicaram ataques contra os oponentes, Ciro Gomes postou 217 tuítes, dos quais 35% contêm críticas diretas ou indiretas aos dois candidatos na liderança das pesquisas: Lula e Bolsonaro. Outros 56,22% do conteúdo publicado por ele tratam de propostas e agendas de campanha. Apenas três tuítes têm pedido direto de voto.

O candidato do PDT elevou o tom das críticas, especialmente ao ex-presidente Lula, após a campanha do petista reforçar a ideia do voto útil — visando resolver a disputa ainda em um primeiro turno. Em pronunciamentos, Ciro chamou a estratégia de “uma tentativa de asfixiar” a vontade do povo brasileiro.
Na rede social, contudo, o cenário de ataques feitos por Ciro é balanceado entre os dois nomes na liderança das pesquisas, tanto o petista, quanto Bolsonaro. O atual mandatário brasileiro, por sua vez, está em segundo lugar nos ataques — ao longo do período analisado, 33,3% das 78 publicações de Bolsonaro contêm menções negativas ao principal adversário: Lula.

Bolsonaro cresceu em 2018 surfando em uma forte onda de antipetismo, e estrategistas de campanha apontavam a questão como um ponto a ser explorado, inclusive, no último debate, nessa quinta-feira (29/9), o que o candidato à reeleição fez. Contudo, a estratégia de campanha do mandatário é focada em conteúdos em vídeo, e menos em reprodução de agendas de campanha, como os demais.

Simone Tebet, por sua vez, destinou 29,46% dos posts na rede social para julgar ações dos demais candidatos. Nos encontros da agenda, a emedebista evita falar sobre os oponentes e, quando questionada, ela defende que a campanha é um projeto ao Brasil. Por outro lado, em debates e sabatinas à imprensa, costuma ter uma postura mais afiada, lançando luz às falhas de governos anteriores — com declarações reproduzidas no Twitter.

O chefe do Executivo federal é o presidenciável que menos se dedicou à agenda de campanha na rede social: com 53,85% das publicações ante 66,25% de Lula, o candidato com maior porcentagem na categoria.

No caso do petista, outros 20% dos posts são dedicados a responder o apoio de artistas e apoiadores, e apenas 9,17% criticam os demais presidenciáveis — praticamente todos questionando o atual governo Bolsonaro.

Ao longo da campanha, Lula reproduziu diversas falas durante atos políticos em várias cidades do país. Os conteúdos incluíram apoio a candidatos que disputam governos dos estados e pedidos, proposições para a população em situação de vulnerabilidade além de votos, para que os brasileiros vão às urnas, no próximo domingo (3/10).

Além da narrativa do voto útil, a importância da cidadania também tem sido a tônica da campanha do ex-presidente.

Estratégias
Apesar de ocupar uma porcentagem expressiva das publicações dos candidatos, os temas propositivos têm divido espaço com ataques aos oponentes nas eleições deste ano. A tendência tem sido observada não só nas redes sociais, mas nos debates em emissoras de televisão.

“Desde 2018, quando a disputa ficou muito radicalizada e polarizada, os ataques se tornaram a tônica das campanhas. E o eleitor, muitas vezes, gosta. Se as ofensivas não tivessem tanto engajamento, talvez os candidatos optassem por outra estratégia, mas não é o caso”, avalia Paulo Kramer, cientista político da Fundação da Liberdade Econômica.

Para o especialista, os políticos têm avaliado o cenário político antes de publicar ataques: Lula, por exemplo, é o principal alvo de críticas dos demais candidatos. Esse fator pode explicar o baixo número de do petista ataques aos oponentes e a quantidade expressiva de publicações em que ele aparece se defendendo das críticas e promovendo sua candidatura.

Categorias
Para a análise das postagens dos candidatos na rede social, a reportagem dividiu as publicações nas seguintes categorias:

Ataques: foram enquadrados os tuítes com ataques, citando direta ou indiretamente, os demais presidenciáveis na disputa;
Campanha/agenda: agenda em cidades brasileiras — incluindo falas durante os eventos; propostas de campanha e defesa da candidatura
Pedidos de voto: na categoria foram considerados pedidos explícitos de voto nas urnas;
Atualidades: comentários sobre acontecimentos recentes, ligados às eleições de 2022. Por exemplo, solidariedade com casos de violência política pelo Brasil;
Outros: outras publicações, agradecendo o apoio de artistas ou parabenizando políticos aliados foram incluídas nesta categoria.

Metrópoles 

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