De acordo com o novo Ipec, Bolsonaro empatou tecnicamente com Lula entre eleitores homens, encurtou a desvantagem entre os mais pobres em 6 pontos percentuais e em 3 pontos na classe média baixa. Entre os eleitores com Ensino Fundamental, Bolsonaro diminuiu a vantagem de Lula em 5 pontos. Ele já supera o ex-presidente numericamente no Sudeste e reduziu a larga vantagem lulista no Nordeste em 4 pontos. Nas capitais, onde Lula vencia por 10 pontos, já há um empate técnico. Nas cidades com mais de 500 mil habitantes, o ex-presidente variou de 52% para 48%, enquanto o presidente subiu de 41% para 44%.
Movimento inesperado ocorreu entre católicos. Supunha-se que a arruaça bolsonarista na festa de Aparecida traria rejeição ao presidente. Segundo a medição do Ipec, Bolsonaro cresceu entre os eleitores católicos de 34% para 38%, enquanto Lula caiu de 60% para 56%.
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A campanha lulista decidiu entrar no jogo sujo menos para conquistar votos novos e mais para ganhar tempo. Os petistas imaginavam que forçando Bolsonaro a se defender, evitariam um fato novo que mudasse a tendência da corrida até a eleição no dia 30. Por isso, a tática de avalanche do deputado André Janones passou a ser o principal instrumento da guerrilha petista no segundo turno. O marketing petista acredita ainda que a virulência das peças dos últimos dias ajuda a militância a responder aos bolsonaristas com as mesmas armas.
Do WhatsApp para a TV
A novidade formal é que nas eleições passadas o jogo sujo trafegava em canais de influencers de YouTube e correntes de WhatsApp. Desta fez, quase tudo terminou aparecendo nas propagandas oficiais de rádio e TV. Desapareceu a ideia de que as campanhas tinham um “lado A”, de propostas, e um “lado B”, de campanha negativa sem assinatura. Essa fronteira não existe mais.
Uma das máximas do marketing político, atribuída a Duda Mendonça, é “quem bate perde a eleição”. Por essa máxima, haveria um efeito bumerangue no qual o ataque se voltaria contra o seu autor por uma postura moral do eleitor contra o jogo sujo. João Santana, na campanha de 2014, e Carlos Bolsonaro, em 2018, mostraram que o eleitor não só não é um personagem isento na campanha, como se deixa usar como parte de uma torcida fanatizada.
O novo Ipec mostra, no entanto, que a propaganda negativa de Lula não só não está dando efeito, como mostra a resiliência do adversário.
O Globo
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