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terça-feira, 18 de outubro de 2022

Thomas Traumann: pesquisa Ipec mostra fracasso da propaganda negativa do PT


Nas duas últimas semanas, o presidente Jair Bolsonaro foi atacado na propaganda da TV como preguiçoso, incompetente, corrupto, satanista e pedófilo. No fim de semana, o trecho de uma entrevista na qual o presidente contava que havia “pintado um clima” com garotas de 14 anos se tornou o tema mais comentado na internet, foi compartilhado mais de 30 milhões de vezes no YouTube e exibido na TV aberta pelo PT até ser proibido pelo TSE no domingo à noite. O resultado da propaganda negativa está na pesquisa desta segunda-feira do Ipec/Tv Globo: em uma semana a vantagem de Luiz Inácio Lula da Silva sobre Bolsonaro caiu de 9 para 7 pontos percentuais, com o petista na frente com 50% e o capitão com 43%. A porcentagem de eleitores dizendo que nunca votariam em Bolsonaro oscilou de 48% para 46%, enquanto a rejeição a Lula oscilou de 42% para 41%.  

De acordo com o novo Ipec, Bolsonaro empatou tecnicamente com Lula entre eleitores homens, encurtou a desvantagem entre os mais pobres em 6 pontos percentuais e em 3 pontos na classe média baixa. Entre os eleitores com Ensino Fundamental, Bolsonaro diminuiu a vantagem de Lula em 5 pontos. Ele já supera o ex-presidente numericamente no Sudeste e reduziu a larga vantagem lulista no Nordeste em 4 pontos. Nas capitais, onde Lula vencia por 10 pontos, já há um empate técnico. Nas cidades com mais de 500 mil habitantes, o ex-presidente variou de 52% para 48%, enquanto o presidente subiu de 41% para 44%.  


Movimento inesperado ocorreu entre católicos. Supunha-se que a arruaça bolsonarista na festa de Aparecida traria rejeição ao presidente. Segundo a medição do Ipec, Bolsonaro cresceu entre os eleitores católicos de 34% para 38%, enquanto Lula caiu de 60% para 56%.   


Ipec: 93% dizem ter certeza de escolha para presidente. Apenas 7% admitem que podem mudar o voto


A campanha lulista decidiu entrar no jogo sujo menos para conquistar votos novos e mais para ganhar tempo. Os petistas imaginavam que forçando Bolsonaro a se defender, evitariam um fato novo que mudasse a tendência da corrida até a eleição no dia 30. Por isso, a tática de avalanche do deputado André Janones passou a ser o principal instrumento da guerrilha petista no segundo turno. O marketing petista acredita ainda que a virulência das peças dos últimos dias ajuda a militância a responder aos bolsonaristas com as mesmas armas.


Do WhatsApp para a TV

A novidade formal é que nas eleições passadas o jogo sujo trafegava em canais de influencers de YouTube e correntes de WhatsApp. Desta fez, quase tudo terminou aparecendo nas propagandas oficiais de rádio e TV. Desapareceu a ideia de que as campanhas tinham um “lado A”, de propostas, e um “lado B”, de campanha negativa sem assinatura. Essa fronteira não existe mais. 


Uma das máximas do marketing político, atribuída a Duda Mendonça, é “quem bate perde a eleição”. Por essa máxima, haveria um efeito bumerangue no qual o ataque se voltaria contra o seu autor por uma postura moral do eleitor contra o jogo sujo. João Santana, na campanha de 2014, e Carlos Bolsonaro, em 2018, mostraram que o eleitor não só não é um personagem isento na campanha, como se deixa usar como parte de uma torcida fanatizada.  


O novo Ipec mostra, no entanto, que a propaganda negativa de Lula não só não está dando efeito, como mostra a resiliência do adversário.


O Globo 

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