Em nota publicada neste Dia da República no Twitter, Villas Boas flerta com as manifestações de caráter golpista conduzidas por bolsonaristas pelo país, que questionam principalmente o resultado da eleição presidencial e pedem intervenção dos militares para impedir a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.
A população segue aglomerada junto às portas dos quartéis pedindo socorro às Forças Armadas”, escreve o general. “Com incrível persistência, mas com ânimo absolutamente pacífico, pessoas de todas as idades, identificadas com o verde e amarelo que orgulhosamente ostentam, protestam contra os atentados à democracia, à independência dos poderes, ameaças à liberdade e dúvidas sobre o processo eleitoral”, completa.
Os protestos, que começaram com bloqueios de rodovias e agora se concentram em frente a quartéis e outras instalações militares, entraram na mira do Supremo Tribunal Federal, que os considera antidemocráticos e passíveis de enquadramento na legislação criminal.
"O segundo turno acabou democraticamente no último domingo. O TSE proclamou o vencedor. O vencedor será diplomado até 19 de dezembro e tomará posse dia 1º de janeiro de 2022. Isso é democracia, isso é alternância de poder, isso é Estado republicano. Não há como se contestar um resultado democraticamente divulgado com movimento ilícitos, antidemocráticos, criminosos, que serão combatidos e os responsáveis, apurados e responsabilizados sob a pena da lei”, disse o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral.
Na nota, Villas Boas questiona o que considera silêncio da imprensa diante das manifestações. “Talvez nossos jornalistas acreditem que, ignorando a manifestação de milhões de pessoas, elas desaparecerão (…). A mídia totalmente controlada nos países da Cortina de Ferro não impediu a queda do Muro de Berlim”, escreve.
Em um texto escorregadio, no entanto, o ministro, no final, elogia a postura dos comandantes das Forças Armadas e do ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira. “Não pode deixar de ser destacada a liderança, o equilíbrio, a serenidade e a autoridade dos atuais comandantes e do ministro, condições com as quais asseguram a disciplina e a coesão de seus subordinados”, afirma. Até agora, nenhum chefe militar deu aval aos protestos bolsonaristas.
Pressão sobre o STF
A maior polêmica de Villas Boas até agora ocorreu em abril de 2018, quando, na véspera do julgamento pelo STF de pedido de Lula para evitar a sua prisão pela Lava-Jato, postou dois tuítes que foram interpretados como pressão sobre a Corte. “Asseguro à nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais”, disse em um deles. O Supremo negou o recurso, Lula foi preso logo depois, ficou 580 dias na cadeia e foi impedido de disputar a Presidência da República na eleição daquele ano.
Bolsonaro, aparentemente, sabia da importância do tuíte do general para o seu triunfo eleitoral. Em janeiro de 2019, na cerimônia de posse do novo ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, o presidente mandou um recado a Villas Boas. “General Villas Boas, o que já conversamos ficará entre nós. O senhor é um dos responsáveis por eu estar aqui”, disse Bolsonaro.
Em 29 de outubro deste ano, um dia antes da vitória de Lula nas urnas, Villas Boas voltou à carga ao postar um texto com várias críticas a um eventual governo de esquerda, como as de que iria promover a “destruição do civismo”, a “ridicularização do patriotismo”, a “contaminação ideológica do ensino, impondo a aceitação de verdadeiras perversões às crianças”, o “apoio a ditaduras” e a “relativização da soberania da Amazônia”.
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