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sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Lula repete grave erro de Bolsonaro


Empossado há 26 dias, Lula tem repetido um grave erro de Bolsonaro nos quatro anos em que presidiu o Brasil. O de naturalizar, como chefe de Estado, o tom belicoso usado na campanha eleitoral.

Nesta quarta-feira (25/1), em agenda no Uruguai, Lula chamou Michel Temer de “golpista”. Esqueceu-se de que tem como ministra a também “golpista” Simone Tebet, que quando senadora votou pelo impeachment de Dilma.

Esqueceu-se de que tem como vice Geraldo Alckmin, também apoiador do afastamento da petista. Aliás: o próprio PSB, partido de Alckmin, foi favorável ao afastamento. Há, por sinal, uma extensa lista de políticos e partidos que apoiaram o impeachment e hoje integram o governo.

Lula parece ter esquecido, ainda, que a retórica belicosa foi fundamental para o esvaziamento de Bolsonaro, tanto no campo eleitoral quanto para dentro da classe política.

A própria eleição foi um exemplo disso: Lula venceu ao encabeçar uma frente ampla para derrotar Bolsonaro. Uma frente repleta de “golpistas”.

Aceitar na campanha o apoio de defensores do impeachment para, eleito, criticá-los é tapar os olhos para a atual composição do Congresso. Partidos de centro, como o MDB de Temer e Tebet, serão decisivos para a governabilidade.

Lula pode pensar que Dilma foi vítima de um golpe? Claro. Pode verbalizar isso com menos de um mês à frente do país? Sim. Mas é um grave erro.

Atrito com as Forças Armadas

Há outros exemplos da falta de cuidado de Lula com as palavras. O presidente subiu o tom contra as Forças Armadas ao dizer que elas “não são o poder moderador que pensam que são”. Generalizada, do jeito que ficou, a frase em nada contribuiu para a melhora na relação de Lula com militares.

Há uma semana, em discurso para reitores no Planalto, Lula chamou Bolsonaro de “o coisa”. E associou o ex-presidente, que recebeu 58 milhões de votos, a “uma extrema direita fanática raivosa”.

O que se vê até o momento, no recém-iniciado governo, é o Lula da campanha de 2022. Não aquele que “pacificaria o país”. Bolsonaro tampouco desceu do palanque após assumir. Deu no que deu. O petista, contudo, ainda tem tempo para ajustar o discurso.

Metrópoles 

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