Nova acusação inclui supostas irregularidades de Trump no estado do sul após ser derrotado por Joe Biden, como tentativas de pressionar autoridades eleitorais para reverter o resultado
O ex-presidente dos Estado Unidos, e principal candidato republicano na disputa pela vaga presidencial de 2024, Donald Trump foi acusado de infringir leis no estado da Geórgia para reverter o resultado das eleições de 2020, na qual foi derrotado pelo democrata Joe Biden. Com a nova acusação, acatada por um grande júri, reunido em Atlanta nessa segunda-feira, Trump se torna réu em um processo criminal pela quarta vez.
A investigação liderada pela promotora Fani T. Willis, do condado de Fulton, concentrou-se em cinco ações tomadas por Trump e seus aliados nas semanas após o dia da eleição, quando Joe Biden venceu na Geórgia por uma curta margem de votos. Essas ações incluem telefonemas que o ex-presidente fez para pressionar as autoridades estaduais a anular o resultado (incluindo a mais famosa delas, ao secretário de Estado Brad Raffensperger) , bem como assédio de funcionários eleitorais locais por apoiadores de Trump, falsas alegações de fraude eleitoral, um plano de seus aliados para criar uma lista de eleitores falsos e uma violação de dados em um escritório eleitoral na zona rural de Coffee County.
A nova acusação contra o ex-presidente e mais 18 aliados foi acatada pelo grande júri, que ouviu o caso dos promotores, incluindo testemunhas, desde cedo. O juiz presidente do Tribunal Superior do Condado de Fulton, Robert McBurney, ampliou o horário de funcionamento do tribunal, que normalmente fecha às 17h (18h em Brasília), para não atrapalhar as oitivas. Cerca de uma hora além do horário regular, um ex-alto funcionário eleitoral na Geórgia que rejeitou as alegações de Trump sobre fraude eleitoral, Gabriel Sterling, deixou o tribunal, após um depoimento que durou horas.
Donald Trump chamou o indiciamento pelo tribunal estadual da Geórgia de "fraude" e "caça às bruxas": “Parece manipulado, para mim!”, disse o ex-presidente, na rede Truth Social, referindo-se à decisão do tribunal. "Por que não me incriminaram há dois anos e meio? Porque queriam fazer isso bem no meio da minha campanha política. Caça às bruxas!", exclamou.
Em um comunicado, os advogados de Trump criticaram o "vazamento de uma alegada e prematura acusação antes que as testemunhas tivessem falado ou os grandes júris tivessem deliberado".
É um processo "falho e inconstitucional", uma reclamação à qual Trump também aludiu em sua mensagem.
O processo também traz acusações contra alguns de seus conselheiros mais proeminentes, incluindo Rudolph W. Giuliani, seu ex-advogado pessoal; e Mark Meadows, que atuou como chefe de gabinete da Casa Branca na época da eleição.“
Trump e os outros réus listados nessa acusação se recusaram a aceitar que o ex-presidente havia perdido e, consciente e voluntariamente, se juntaram a uma conspiração para mudar ilegalmente o resultado da eleição em favor de Trump”, escreveram os promotores na acusação.
Estratégia de defesa
Embora o novo caso criminal represente mais uma preocupação jurídica para Trump, a estratégia de defesa do ex-presidente não parece que vai mudar neste caso. Fontes ligadas ao republicano pela CNN afirmam que a narrativa oficial sobre o caso já foi comunicada a aliados e comunicados escritos previamente à formalização da acusação já estavam prontos para ser enviados à mídia.
Enquanto o grande júri ouvia o caso da promotoria, Trump agia em outra frente, atacando a promotora que lidera a investigação. Em uma postagem em letras maiúsculas na Truth Social, na segunda-feira, Trump escreveu que Willis queria “pegar Trump” e acusou-a de má conduta.
Como fez antes, ele criticou seu tempo no cargo, argumentando que ela era excessivamente leniente com o crime e "permitiu que Atlanta se tornasse uma das cidades mais perigosas do mundo". Ele também acusou Willis, primeira mulher negra a ocupar o cargo, de ser racista.
Além de Trump, a investigação na Geórgia envolve uma série de aliados de Trump, desde os advogados Rudolph W. Giuliani, Kenneth Chesebro e John Eastman, até Mark Meadows, o chefe de gabinete da Casa Branca na época da eleição.
O Globo
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