O dia 11 de julho vai se aproximando e a expectativa dos paratletas potiguares do halterofilismo que esperam ir à Paris, representar o Brasil nas Olimpíadas, só aumenta. Maria Rizonaide, 42 anos, e Júnior França, 29 anos, estão na briga por uma vaga na equipe brasileira e nesta luta desigual contra a ansiedade.
Enquanto não chega o grande dia, os atletas que representam a Sadef (Sociedade Amigos do Deficiente Físico do RN), vão acumulando medalhas nas competições nacionais. Na segunda etapa do Circuito Paralímpico de Halterofilismo, o time potiguar deu um verdadeiro show. Dos 14 atletas inscritos, mais da metade dos potiguares voltaram com medalhas, de ouro e prata na bagagem. Resultado que colocou a Sadef em quarto lugar na classificação geral. A competição reuniu 161 representantes de 10 estados e mais o Distrito Federal, em São Paulo. Júnior França trouxe mais uma medalha de ouro para sua coleção e Maria Rizonaide, a prata.
Ou seja, você tem caminhos obrigatórios e competições onde o atleta tem que participar obrigatoriamente. O ranking é formado a partir dos resultados desses eventos, no máximo, você tem que estar entre os oito melhores do mundo. E só pode ir um por país em cada categoria de peso, no halterofilismo você tem dez categorias, masculino e 10 no feminino. Maria Rizonaide participa até 50 quilos e o Júnior França, participa até 59. Ambos estão fora do top 8. Ela figura na 9ª posição e o Júnior na 10ª”.
Mas o lado bom dessa história, de acordo com o treinador, é que pelo menos um deles conquiste a vaga olímpica. “Isso ocorre pelo fato de, nessas categorias, você ter atletas que têm marca em outras categorias também. E nessa reta final, você tem datas específicas onde esses atletas que têm marcas em duas categorias, têm de definir em qual vão participar. Não há como se controlar neste cenário”, explicou William.
Hoje os ventos sopram mais forte para o lado da Maria Rizonaide, ela tem duas adversárias que possuem boas marcas em duas categorias, e existe uma possibilidade grande de que pelo menos uma dessas migrem, optem para competir em categorias acima. Neste caso, a atleta potiguar assumiria a oitava posição e estaria dentro de Paris.
A questão de Júnior França é considerada mais delicada. Como se encontra na décima posição no ranking mundial, o potiguar precisaria de duas movimentações entre as categorias para ganhar o direito de embarcar para a capital francesa.
“Embora exija uma movimentação maior, existe essa possibilidade também. Mas a gente só vai ter essa resposta um pouco mais na frente, entre os dias 9 e 12, para quando está prevista a publicação oficial dos nomes que irão compor a delegação nacional por parte do Comitê Paralímpico Brasileiro. Temos de aguardar e torcer para que realmente dê certo, e eles estejam em Paris”, ressaltou Carlos William.
Enquanto isso, Maria Rizonaide não esconde toda sua ansiedade, com a possibilidade de disputar a sua primeira Olimpíada. Talvez estes estejam sendo os seus dias de maior expectativa ao longo dos 12 anos de carreira, porque se trata de um grande sonho da atleta.
A parte mais curiosa dessa história é que antes de ser descoberta para a modalidade do halterofilismo, Terezinha Mulato era uma atleta de natação.
“No Brasil não tinha nenhuma atleta de halterofilismo paralímpico. E eu fui uma das meninas escolhidas, junto com mais cinco ou seis meninas em 1996, não lembro. Ainda consegui mesclar as duas modalidades por uns anos, mas depois quando a coisa foi ficando mais séria tive de me definir para assegurar presença na Seleção Brasileira de Halterofilismo”, recorda.
No Parapan de 2003, nos Estados Unidos, Mulato ainda era a única mulher, representante do país no esporte. “No projeto de incentivar o surgimento de novas atletas, participei de uma série de palestras. Cinco anos depois apareceu a segunda, a terceira, e graças a Deus, hoje, consigo chegar numa competição e competir com 10 meninas. É muito gratificante saber que o esporte paralímpico feminino do halterofilismo existe e que eu fui a primeira mulher nessa fila”, destaca.
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