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quinta-feira, 25 de abril de 2019

POR QUE A GASOLINA É TÃO CARA NO BRASIL?


- PETROBRAS VAI VENDER METADE DAS REFINARIAS, ISSO VAI RESOLVER O PROBLEMA DE PREÇO FINAL DA GASOLINA?


Há muitas décadas que o brado político mais usado para manter a Petrobras nos braços do poder governamental sempre foi: “O petróleo é nosso!” Será que é mesmo? Se você perfurar o quintal de sua casa e encontrar petróleo ele será seu? Se isso acontecesse nos EUA você poderia explorar e com certeza ficaria milionário, mas no Brasil você tem que comunicar o Governo federal a descoberta e pode escolher explorar e assim te pagar uma comissão que pode chegar a vinte mil reais por mês. Se o petróleo não é nosso então a gasolina deve ser, ou deveria. Mas se a união é detentora de todo o petróleo, seu braço forte faz a extração e refino, significa que o povo brasileiro é o dono do petróleo? Outro engano.

Desde a sua criação a Petrobras conseguiu sempre manter o monopólio da perfuração e refino do petróleo no Brasil, antes por força de lei e hoje por decisão do governo. A operação lava jato deixou claro que esse braço forte do povo brasileiro estava servindo a outro senhor: Os políticos que estavam no poder. Explorando e usando sua força, irrigada pelo monopólio criado por uma frase estúpida que nunca se provou com valor, o petróleo nunca foi nosso de fato.

Com a criação do plano real veio uma mudança que traria o povo brasileiro pra mais perto dessa tão sonhada frase. Em 1996 iniciou-se o processo de liberação do preço de comercialização dos combustíveis, antes ditado pelo governo federal, numa série de ações que foram concluídas no inicio de 2002, quase duas décadas atrás. Essa mudança possibilitou a entrada de diversas distribuidoras de combustível o que deu um novo tom ao mercado e fez com que aquele controle do governamental direto deixasse de existir. Essas mudanças iniciaram um novo padrão de consumo que esbarrou naquela tal famosa frase: “O petróleo é nosso”. Se ele é nosso deve ser explorado pela nossa empresa mãe, a Petróleo Brasil S/A, empresa de capital misto que tem o Governo Federal como maior acionista. Isso mesmo, não precisa privatizar a Petrobras, ela já é privatizada, só que quem manda nela é o governo federal.

Esse plano ficou parado em dois pontos importantes, Em primeiro lugar o governo federal estava lutando para manter o plano real em pé, assim como os demais políticos que passaram por ele e o controle da inflação era um artifício que o controle do preço dos combustíveis era fundamental, sendo assim o Governo não conseguiu liberar totalmente o mercado, o segundo e mais escuso era a utilização dos recursos da estatal (já privatizada) para compra de apoio político. Os escândalos de corrupção, a utilização de verbas da Petrobras para apoiar projetos, contratar aliados entre outros.

Esse controle indireto para barrar a alta da inflação, cujo impacto dos combustíveis é grande, porque a grande maioria dos produtos que são comercializados no Brasil roda em cima de caminhão e esse dito caminhão consome diesel e se ele aumenta, crescem os fretes, aumentam os custos e assim os preços dos produtos, foi e é extremamente prejudicial ao país. O ciclo se fecha dentro dessa redoma que foi criada pela ineficiência dos governos para lidar com infra-estrutura e transportes, este será assunto de outra pauta. Ineficiência governamental + inflação + controle de preços = preço de combustível caro. Se o governo mantém preço de combustível para segurar a inflação por que a gasolina ainda é cara? Essa questão é que não se consegue segurar por muito tempo e com isso o governo perde dinheiro na Petrobras, porem o mercado era mais previsível. Como o governo perde dinheiro na Petrobras ele tem que recuperar nos impostos e este é o maior vilão dos preços caros de combustível da nação

O Brasil ainda é dependente de petróleo internacional porque não fez o dever de casa. Precisa trocar petróleo, precisa importar produto refinado, por isso apenas vender refinarias não vai resolver a questão da concorrência. É necessário de discutir uma carga tributária mais justa. 45% a 56% do preço final do combustível são impostos estaduais e federais. Os impostos superam as margens dos postos, distribuidores transportadores e produtores, isso torna o produto altamente caro e custoso para o consumidor que já tem uma renda menor que em países que cobram mais impostos. O final da cadeia, o posto revendedor fica com menos de 20% da margem bruta para poder custear toda a sua operação, altamente concorrida com revendedores que não cumprem a lei e tornam a concorrência suja, mas o consumidor brasileiro não liga pra isso, que importa se a empresa não cumpre a lei, o que ele quer é preço baixo. Isso é um prato cheio para donos de postos que aproveitam para burlar a lei. Estes pontos mostram a dificuldade do setor de gerar uma concorrência legal de forma a tornar o mercado mais viável e profissional.

O governo federal precisa se livrar dessa ferramenta reguladora da inflação. Não intervir no preço de mercado, a não ser que seja pela redução ou aumento de impostos. Tem que deixar o mercado tranqüilo e confiante em investir em mais refinarias para que assim outros grandes grupos petroleiros queiram investir no Brasil e assim acirrar a concorrência e ainda assim trazer mais competitividade ao setor e evoluir para um patamar de primeiro mundo. É claro que a economia tem que ajudar e mais empresas entrando no mercado brasileiro é mais investimento, mais dinheiro circulando, mais emprego, mais consumo e assim o ciclo se fecha de forma positiva.

O Brasil precisa parar de discutir com o atendente do balcão, com o frentista ou caixa do posto e partir pra cobrar o verdadeiro vilão do preço alto dos combustíveis no país: “O petróleo não é nosso” o Governo tem que fazer o dever de casa e o consumidor precisa cobrar isso. Não da pra ficar tomando decisões populistas e prejudiciais à economia. Tem que se formar uma política mais aberta e mais clara com regras que possibilitem os grandes investidores se interessar por esse mercado e investir com seus milhares de dólares agindo assim para o crescimento do comercio de combustíveis e para que isso aconteça o governo precisa profissionalizar o setor. Mais gestão e menos política partidária.

Roberto James é Administrador de Empresas, Consultor de negócios e Mestrando em Psicologia Comportamento do Consumidor

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