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domingo, 16 de outubro de 2022

O lixão da campanha: onde o vale-tudo iguala petistas e bolsonaristas


tática bolsonarista de distribuir informações falsas por aplicativos de mensagem e redes sociais para garantir votos não é propriamente uma novidade. Os métodos empregados em 2018 fizeram a Justiça Eleitoral redobrar a atenção para as eleições deste ano.

que não estava no radar, porém, era que as mesmas táticas de guerra suja também seriam adotadas por apoiadores da campanha de Lula, que sempre criticaram a máquina de fake news usada para catapultar Jair Bolsonaro.

Com o acirramento dos ataques entre os dois candidatos na campanha oficial, da reta final do primeiro turno para cá perfis pró-Lula têm difundido “fake news” em um padrão bem semelhante aos de seus adversários.

Com o acirramento dos ataques entre os dois candidatos na campanha oficial, da reta final do primeiro turno para cá perfis pró-Lula têm difundido “fake news” em um padrão bem semelhante aos de seus adversários.

estratégia, porém, ganhou adeptos e há, nas redes, um grande contingente de apoiadores do ex-presidente replicando conteúdo falso — a ponto de uma ala da campanha e de petistas influentes estarem se sentindo incomodados.

Mentiras e religião

A lista de Janones já é extensa. No início de setembro, ele disse que o PL, partido de Bolsonaro, estava por trás da derrubada do piso salarial da enfermagem. E escreveu: “Mamadeira de piroca (em referência a uma conhecida fake news bolsonarista de 2018) se combate com mamadeira de piroca”.

Nos últimos dias, Janones espalhou que, caso Bolsonaro seja reeleito, o senador Fernando Collor de Mello, que está sem mandato eletivo a partir de 2023, vai assumir o cargo de ministro da Previdência. “Quando Lula foi presidente nenhuma igreja foi fechada, mas quando Collor foi, muitas poupanças foram confiscadas! Façam essa reflexão lá no grupo da família!”, escreveu o deputado no Twitter.

De  um lado e de outro, no lixão da campanha há ainda a exploração de temas ligados à religião. Depois que bolsonaristas espalharem fake news ligando Lula ao satanismo, petistas passaram a explorar as conexões de Bolsonaro com a maçonaria — os dois lados, na tentativa de minar a confiança do eleitorado cristão nos candidatos adversários.

Janones chegou a gravar um vídeo dizendo que Bolsonaro fez um “pacto com seita maçônica pra vencer eleição”. “A gente não sabe o que o Bolsonaro negociou lá na maçonaria para eles apoiarem ele”, afirmou. Outro exemplo de desinformação da semana é de que Bolsonaro vai acabar com o feriado de Nossa Senhora Aparecida, em 12 de outubro.

O secretário de Comunicação do PT, Jilmar Tatto, afirmou à coluna que a campanha de Lula não produz nem autoriza a propagação de “fake news”. “Existe uma determinação expressa. Não fazemos nada ilegal e não produzimos fake news. Nos recusamos a fazer isso”, disse ele.

“Linguagem do momento”

Professora de Ciência Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a UFRJ, Mayra Goulart observa que, com o tempo, a profusão de fake news gera no eleitor comum dificuldades para saber o que, afinal, é correto ou não.

Diferenciar um dado confiável de uma informação absurda é algo que, no dia a dia, acaba virando uma tarefa difícil para uma parcela relevante do eleitorado.

Sobre a tática de parte dos apoiadores de Lula de usar dos mesmos artifícios bolsonaristas, ela afirma que essa é “a linguagem do momento”, o que torna a estratégia um tanto inevitável. “O campo progressista dificilmente vai disputar os eleitores se não usar a linguagem do momento”, defende.

Para o cientista político e professor do Insper Carlos Melo, um ambiente tomado por informações falsas acaba por minar a credibilidade no sistema como um todo. “Um regime político feito com base na mentira é péssimo, porque mina a credibilidade dos atores políticos”, diz ele.

Melo afirma que, se em 2018 o cenário já era ruim, em 2022 piorou, com a campanha de Lula reagindo com estratégia similar. Ele observa, porém, que é uma reação esperada, embora não seja positiva. “Acaba sendo natural que numa guerra tão acirrada, tão sem limites, que todos acabem aderindo a ela.”

Metrópoles 

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